Como está a saúde mental dos profissionais de saúde, depois da pandemia?

Compartilhe
Facebook
Twitter
Email
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

“Tiro um tempo para mim, estudo sobre inteligência emocional, faço terapia e exerço a autocompaixão”. Essas são as estratégias que a enfermeira Sandra Pereira encontrou para preservar a saúde mental e emocional durante o exercício da profissão.
As ações individuais são essenciais, simultaneamente, especialistas recomendam que os centros de saúde tenham espaços de acolhimento coletivo e reconheçam que as desigualdades também recaem sobre a saúde mental dos profissionais negros.

A pandemia do coronavírus (COVID-19) evidenciou um problema antigo: a falta de amparo psicológico aos profissionais de saúde no Brasil. Bruno Chapadeiro, psicólogo, pesquisador e professor da UFF (universidade Federal Fluminense, publicou pesquisas sobre a saúde mental dos trabalhadores na saúde nesse período: “Eles têm sinalizado sintomas de depressão, ansiedade e sobrecarga de trabalho”.
O adoecimento mental, segundo ele, ocorreu porque as condições de trabalho dos profissionais de saúde já eram precarizadas pela falta de recursos materiais e humanos. Dessa forma, a pandemia agravou esses problemas muito por conta da emergência sanitária que exigiu um deslocamento dos colaboradores.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) , mostrou que 83,4% dos profissionais de saúde sentem medo da COVID-19. Na nota técnica, as instituições declararam o perfil racial dos profissionais de saúde que participaram da pesquisa: predominância de brancos entre os médicos (84,7%), profissionais de enfermagem (57,3%) e outros profissionais (56,7%). Já os negros e negras são maioria entre os Agentes Comunitários de Saúde (77,2%).

PANDEMIA ALTEROU A VIDA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) também informa que apenas 30% dos trabalhadores da saúde ouvidos receberam apoio para cuidar da saúde mental. Ao mesmo tempo, 08 (oito) a cada 10 dos respondentes sentiram que a saúde mental foi afetada negativamente pela pandemia.
Chapadeiro relata que houve muitos afastamentos devido à sobrecarga causada pela Síndrome de Bornaut. “Percebemos que poucos hospitais forneceram apoio psicológico. Os profissionais lidaram com equipes reduzidas para atender todo mundo, poucos aparelhos como os respiradores. Ainda existe o medo da pandemia, pois ela não acabou”, afirma o psicólogo.

A enfermeira Sandra Pereira destaca que a exposição às mortes em larga escala também contribuiu para o adoecimento psíquico das profissionais de Enfermagem. De março de 2020 a dezembro de 2021, o Conselho Federal de Enfermagem estima que 4.500 profissionais de saúde faleceram em detrimento da COVID-19.
Além disso, a categoria precisa lidar com diversas preocupações: “É uma profissão com a maioria feminina, uma sobrecarga de trabalho e insegurança no emprego. Quando o sofrimento é potencializado, gera frustrações, uma sensação de mal-estar e de que poderia fazer mais”, explica a enfermeira.

 

Os profissionais da área de Saúde ficaram esgotados durante o combate à COVID-19 afetando a saúde mental, provocando ansiedade e depressão, além de ficarem contaminados e morrerem

 

 

 

Siga nas redes sociais
Artigos relacionados
Skip to content