“O melhor desinfetante é a luz do sol”

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Ao saber a frase acima, ouvi como resposta caminharmos para um beco sem saída. Zequinha indignou-se ao ouvir o ex-ministro responsabilizar o gestor político mor em razão das excessivas mortes, dando-as como desnecessárias, caso melhor juízo tivessem feito na letalidade do vírus. Em tempos bicudos desconfiar é a regra, garantiu tia Zefinha pedindo silêncio.

– Parece que o diabo chegou para reinar na Terra, ou você não vê os olhos vermelhos quando ele fala? É o diabo reencarnado na pessoa do dito cujo. Até crista ele tem. E as sobrancelhas levantadas, arcadas tipo vou te comer e vai ser agora? Um necrófago, ponderou a sábia parente.

Zequinha assentiu com um balançar de cabeça. O “tamos fritos! 310 mil mortos”, saiu quase um sussurro. E na TV o moço dando risadas. Contando piadas. Os empresários, os banqueiros cortaram o indigitado da agenda. Não querem conversar com ele. Preferem tratar de assuntos com o presidente da Câmara, do Senado.

E Juca Pato foi mais longe ao afirmar a nossa elite em erro ao se organizar movidos por sentimentos inconfessáveis preterindo o professor. Ilumina a nossa elite arrependida – entre aspas – quando insiste a política de desmantelar o Estado em favor do privado, quiçá, domando a besta-fera sem abrir mão da política de desmonte dos direitos sociais engendrada. A Casa Grande…sempre ela!

Como fugir pra Cuba, para a Venezuela, para os Estados Unidos? Nem se o Ernesto mandar. Ninguém nos quer! Desfizeram décadas da política externa. Perigosos! Asseveram a lucratividade para o INSS a morte dos aposentados, dos mais velhos. Apoiam regras genocidas para o benefício do capitalismo, alegando descaradamente que os velhos não trabalham, não produzem, um peso à lucratividade. Nem a vacina acham um direito. Genocidas!

O doutor Geraldo Jannus orelha em pé! Engravatado em defesa do erário, do bem comum. A advocacia tem esse condão mágico, permite o interferir em favor dos menos validos visando o equilíbrio, a distribuição das riquezas, da justiça social permeando significativo número populacional.

E o moço no alto do pé de manga, machado nas mãos, dependurado nos galhos atende ao celular em tempo de lá das grimpas se despencar, estatelar-se de mais de cinco metros de altura. É a modernidade. A poda é a desculpa. Ao mesmo tempo que depena o tronco, fala ao telefone sabe-se lá com quem e de que inferno. O machado, coisa antiga. Casada com o celular – a modernidade. E a vida…

E a pequena jararaca acossada no meio do caminho, na estrada. Os passarinhos, dois de cada lado – estratégicos – asas semiabertas, posicionados sem o risco do revide, a picada fatal. Filhote. Estática. Cabeça erguida, atenta como toda cobra. Fora do alcance das bicadas embrenhou-se mato adentro. Alguém a quis esmagar. Pisoteá-la. Advertido o invasor – o verdadeiro predador – o humano “desistiu” do crime.

A vida deve muito ao sol das ciências, das vacinas do que aos predadores?

* Este artigo de diálogos de realismo fictício é de autoria de Mauro Serra, que é advogado e contador. Escreve na 1ª semana de cada mês, sempre na página 10. Este mês excepcionalmente na página 11

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