A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na manhã da terça-feira (20/04) o uso emergencial de um coquetel de dois medicamentos – casirivimabe e imdevimabe – contra a Covid-19. A utilização será realizada em pacientes de ”alto risco” e que apresentem comorbidades como diabetes, obesidade, idade avançada e estado ambulatorial.
O estudo apresentado mostra que a junção dos dois medicamentos reduziu em 70,4% o tempo de internação dos pacientes e de mortes em pacientes ambulatoriais sintomáticos. As drogas casirivimabe e imdevimabe são chamados de anticorpos monoclonais e costumam ser utilizados para tratar câncer e doenças autoimunes.
Meiruze Freitas, relatora e diretora da Anvisa, ponderou que a agência não está autorizando o uso para a prevenção do novo coronavírus, mas sim para atenuar os sintomas daqueles que já foram acometidos pela doença. Outro ponto levantado é a imunização . Aqueles que forem medicados com o coquetel devem aguardar 90 dias para receber a vacina.
De acordo com Gustavo Mendes, gerente da Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, “o uso reduziu a carga viral, o que é uma achado importante. O perfil de segurança também foi bem aceitado”. O profissional explica que os 02 (dois) medicamentos se acoplam na coroa do vírus, impedindo a sua entrada nas células e se multipliquem no corpo do paciente. Mesmo sem dados clínicos da avaliação em novas variantes detectadas no país, os benefícios superam os riscos. Novos relatórios e balanços do coquetel serão atualizados conforme os estudos avançarem.
PREÇO DO COQUETEL É SÓ PARA RICOS
A aprovação da Anvisa), para uso emergencial, foi por unanimidade, mas o medicamento, no entanto, chega a custar mais de US$ 3 mil (aproximadamente R$ 16,5 mil), sem contar as taxas de importação. Por isso, não é considerado pelos especialistas como uma estratégia de política de saúde, apesar de estudos indicarem que, quando aplicado nas condições previstas, reduz 70% das hospitalizações.
A combinação doa monoclonais cficou conhecida após o ex-presidente dos EUA Donald Trump tomar o coquetel, que só pode ser administrado em ambiente hospitalar. “Naquela época, Trump fez uso do medicamento ainda sem aprovação do FDA (agência regulatória norte-americana Food and Drug Administration). Depois de dois, três meses veio a aprovação”, destacou o consultor do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid da Associação Médica Brasileira, o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa.
Assim como no caso de Trump, os anticorpos têm indicação especialmente para aqueles que possuem alto risco de progredir para formas mais graves da doença. “Isso inclui pacientes com 65 anos ou mais ou que têm certas condições médicas crônicas”, detalha a Anvisa.
Podem tomar o medicamento adultos e crianças a partir de 12 anos que tenham tido diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus confirmado por exame laboratorial. “O combo de medicamentos reduziu significativamente o número de hospitalização e morte em paciente laboratorial sintomático com um ou mais fator de risco para doença grave”, afirmou o gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes. Ele confirma que os padrões de eficácia são de, no mínimo, 70%.