Os Faiscadores e Pescadores Artesanais da comunidade rural de Simplício em Ponte Nova e de várias comunidades rurais de Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce conseguiram no dia na segunda semana de maio deste ano (2021) a Certificação de Auto definição como povos tradicionais pela Comissão Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CEPCT-MG). Esta é uma grande conquista das comunidades e também um grande marco do trabalho das Comissões de Atingidos do Território. A Certificação de Faiscadores e Pescadores Artesanais do Território coroou a importância das comunidades frente ao poder público em Minas.
Eles ganharam visibilidade e somam forças com outros povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais para lutarem pela preservação de seu modo de vida. É importante destacar que o reconhecimento pelo Estado é a reafirmação de um modo muito particular de vida e trabalho. São comunidades cuja história e o patrimônio cultural foram e seguem sendo construídos em comunhão com os rios Piranga, Doce e Carmo.
A realização do mapeamento pelo professor Aderval Costa Filho foi um desdobramento da recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em 2016 para garantir a visibilidade sóciopolítica das populações tradicionais atingidas pelo desastre da barragem do Fundão. O mapeamento foi realizado em 02 (dois) anos e contou com o trabalho de vários pesquisadores da UFMG e o apoio da Assessoria Técnica Independente Centro Rosa For tini. “O estudo foi desenvolvido num contexto de embate, de muito antagonismo e vulnerabilidade, em comunidades que têm sido negligenciadas no processo de reparação dos danos causados pelo rompimento. Esta vivência foi determinante para que as comunidades se unissem em prol dos seus direitos como cidadãos e povos tradicionais”, diz nota do Centro Rosa Fortini.