(*) Mauro Serra
Ouvindo a emissora de rádio Líder 93,9 FM, às 08h30 min, quinta-feira passada (27 de maio), na voz inconfundível contralto – de grave tessitura – do radialista Ricardo Motta de Almeida, editor do Líder Notícias, além de escritor e vocacionado ambientalista, discorrendo sobre o inusitado roubo de um burro e de duas mulas, na cidade de Amparo do Serra, MG, confirmando a sorte dos muares recuperados sossegadamente pastando sob cordas na praça principal do lugar. A acusação pesa sobre um jovem de 19 anos de idade, o que não vem ao caso.
Que fiquemos atentos aos amigos do alheio, pois em tempos de pandemia as preocupações são outras, não que os burros não mereçam atenção. Afinal, a inteligência de mandatários fraqueja diante da estratégia assassina e vitoriosa do coronavírus. Falam em fracasso da imunidade de rebanho, falam de omissão planejada, falam de genocídio e até de Tribunal de Nuremberg, e criticam a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI do Senado, enquanto o País aos trambolhões.
Voltando ao noticiarista sobre o desfalque, o relato pode ser daqueles do “furto de uso”, ou seja, subtração de coisa alheia móvel para uso momentâneo, sem o ânimo definitivo de propriedade dos muares, a tal da falta do animus furandi?
A voz limpa do locutor impregnada de chistes noticiando nacionais e locais, observo, pode ser ouvida em horários de 07h30min; 08h30mi; 12h30; 13h30;; 15h30; e 17h30 min., só na emissora Líder 93,9 FM, Ponte Nova – MG. Interessante, o menino Ricardo parece satisfeito como pinto no lixo, microfone nas mãos, fazendo o que mais gosta e comentando com a desenvoltura que lhe é peculiar. E a explicação para sequestro dos muares veio com o velho amigo Kaká Albergaria. Jornalista experiente, viajado. Jornal Líder Notícias nas mãos. Como de costume, riso de escárnio, entende ele lá o suposto larápio em jornada épica sentido Brasília para moldar os destinos da nação – a convite do ministro sei lá das quantas, quem sabe do Meio Ambiente -, razão pela qual, justifica Kaká, levava o jovem três assessores entendidos em relva fresca, um burro, quiçá amasiado com as duas mulas. E a tese de roubo, coitada dela, igual fumaça se esvaiu. Kaká é um estraga prazeres. Assunto encerrado.
Albergaria asseverando “o homem é o lobo do próprio homem” – frase de Thomas Hobbes -, apresentou profunda tristeza com a Amazônia em chamas; chegou às lágrimas vendo os índios em fuga sob tiros de garimpeiros apoiados por gente graúda; lamentou as cidades cercadas por lixões. Das águas dos rios, córregos, ribeirões percebe a poluição em razão do dito “progresso”, do avanço das cidades em espaço rural. E demonstrou preocupação ao apontar o gestor político local com um baita de um abacaxi para descascar, disse ele, na proteção das gerações futuras – a sustentabilidade do Meio Ambiente.
Mãos postas aos céus orou em favor do rio Piranga e de seus afluentes. Louvou a criação da Estação de Tratamento de Esgoto e do Aterro Sanitário. Disse com saudades de pescar lambaris, piabas, corvinas, surubins, bagres, conforme aos domingos ali na volta do rio, em Copacabana. Enxugou as lágrimas! Tudo passa, disse ele. E foi embora!
(*) Mauro Serra é advogado e contador e escreve sempre na 1ª semana de cada mês.