Na última quarta-feira (10) o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro confirmou sua filiação ao partido Podemos. O evento do anúncio reuniu simpatizantes e apoiadores em Brasília. No pronunciamento Moro praticamente confirmou sua candidatura a candidato à Presidência. Se confirmada, Moro poderá ser a mais forte oposição à reeleição do PR Jair Bolsonaro, com perspectiva de segundo turno. Exceto Moro, os demais postulantes não acenam com força suficiente para impedir a reeleição de JB. Vejamos: Ciro Gomes (PDT) como já o fez anteriormente, ameaça jogar a toalha. Luiz Inácio (PT) está perdendo gás e a recarga do botijão parece improvável. No PSDB não há consenso e apesar da insistência de João Dória o partido estuda fazer coligação. O MDB é partido periférico e sua força está distribuída no Parlamento, Estados e Municípios. Raramente é força para concorrer à Presidência. A disposição de Sérgio Moro praticamente consolida o quadro para as eleições de 2022.
Do discurso de Sérgio Moro pontuei algumas questões. Em tom de promessa disse ele: chega de mensalão e petrolão. Foi em tom de ataque ao PT, PP, MDB, PSDB, PTB e outros. Na política é assim, a verdade de hoje poderá ser uma coligação amanhã. Ao se referir ao “chega de rachadinha” a mensagem foi direta a família Bolsonaro. Mesmo sem ser candidato já partiu para o ataque. Prometeu um basta ao orçamento secreto. No caso, a referência é a aprovação na Câmara Federal da PEC dos Precatórios (R$ 91,6 bi) que permitirá ao governo de JB manter-se no teto de gastos e emplacar o Auxílio Brasil. Como acontece mais fortemente desde o governo Fernando Henrique, que criou o Bolsa Família, a ajuda tem fins eleitoreiros. FHC criou a Bolsa, Lula aumentou a abrangência e Dilma desvirtuou. JB dá continuidade.
Já falando como candidato, Moro prometeu acabar com o Foro Privilegiado e fim da reeleição para o Executivo. Falta ele combinar com o Congresso e com o Supremo (STF). Tarefa que integra o dossiê dos impossíveis. A pressão de governadores e prefeitos aos Congressistas e Supremo, terá que ser vencida. Resta saber como. Prometeu liberdade de imprensa como forma de consolidação da democracia. Posição simpática para quem pretende chegar à Presidência. Ao se referir a política ambiental atuante fica uma dúvida. É sabido que as narrativas destrutivas das questões ambientais são orquestradas para desconstruir a imagem do país e do governo. Basta apaziguar as más-línguas e a política atual pouco mudará.
Falou da criação de Força Tarefa para acabar com a pobreza. Disse que não é questão de dinheiro, mas do uso inteligente das disponibilidades. Todos os programas voltados a esse fim sempre tiveram “outros” interesses adicionados. O combate a corrupção trouxe a ideia de que a Operação Lava Jato, ou o que restar dela, será fortalecida. Para vencer a força dos corruptos instalados no poder vai precisar de criatividade e apoio de forças hoje ocultas.
As intenções de Sérgio Moro são promissoras e vai ao encontro das expectativas dos brasileiros de boa-fé. Mesmo tendo discursado como político, precisa ainda conhecer os atalhos dessa arte corrompida. BOA SEMANA!