O alastramento do coronavírus veio provar que “democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas outras”, já dizia Winston Churchil. Vejam vocês: a começar pelo presidente da República, Jair Messias (sic) Bolsonaro que resolveu publicar um decreto dizendo quais eram os serviços essenciais. Aí vem a pergunta: açougue é essencial? Existem 14% de vegetarianos no Brasil, confirma o IBOPE. Carne para estas pessoas não é essencial. O mais famoso vegetariano/vegano é Paul Mcartney. Em Ponte Nova, o mais famoso vegetariano era Hélcio Totino, que morreu com 84 anos e parou de comer carne, de qualquer animal, aos 70 anos!
Aí, os governadores e prefeitos resolveram enfrentar a pandemia com decretos. Determinaram apresentação de CPF, uso obrigatório de máscaras (olha a multa!) e outros bichos típicos de ditadura de República de Bananas!. Por que não submetem esta discussão às Câmaras Municipais ou às Assembleias Legislativas? Eles, somente eles, o presidente da República, os governadores e os prefeitos representam o Povo? Claro que não! Encastelados com seus assessores, muito deles verdadeiros Aspones, editam decretos a mancheias.
Chega a ser hilária a cantilena absurda destes eleitos com mania de ditadores. O prefeito de BH, Alexandre Kalil, de cima dos seus mais de 60% de votos, vive ditando regras para bares e restaurantes, determinando que não pode haver consumo de bebida alcoólica nestes estabelecimentos. Um juiz decidiu que podia vender. Outro cassou a liminar. E daí, qual dos 02 juízes está certo? Em São Paulo, o TJ concedeu liminar para autorizar bares e restaurantes a vender bebidas alcoólicas depois das 20h. O decreto que proibia era do “ditadorzinho João Doria”. No interior, os prefeitos aderiram ao arroubo verbal do “aqui quem manda sou eu”, que não passa de um arremedo da frase “L’Eìtat c’est moi” atribuída ao Rei Luiìs XIV, que governou a França entre 1638-1715, período de alta concentração de poder e que quer dizer textualmente “O Estado sou eu!”.
Os mandatários dizem que os donos de bares podem “vender bebida porta afora pode, mas não para beber no passeio”. Ora, o cara bebe onde ele quiser! Já é um absurdo proibir consumo no interior do estabelecimento, mas os prefeitos querem que o cara leve para casa. Ora, quem é que vai comprar uma cerveja no bar (se pode comprar mais barato em supermercado) para beber em casa? Se o cara vai comprar no bar porta afora é porque quer consumir por ali. Estamos voltando à lei seca!
No início da pandemia, vi outros absurdos que feriram até os Direitos Humanos. Este estado de coisas (coronavírus) fez com que rasgássemos a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em várias cidades, os prefeitos suspenderam a gratuidade da locomoção dos idosos em ônibus, mas se o cara pagasse podia andar. Em Ponte Nova ocorreu o mesmo. Eu já escrevi sobre isso aqui neste mesmo espaço.
Isto fere o Estatuto do Idoso. Muitos idosos vivem sós (eu moro num quarto de hotel). Quando usava o transporte coletivo (prefiro andar a pé) pude ver de perto esta falta de respeito com os idosos: eles eram barrados com o documento, mas ao tirar o dinheiro o motorista aceitava transportálo. Entretanto, as medidas não conseguiram refrear a onda do coronavírus, que na verdade depende de cada um de nós.
(*) Ricardo Motta é jornalista, escritor e poeta. Ambientalista desde 1977