Covid-19

(*) Jil Isidoro Eu não sou de Ponte Nova, mas toda minha família é. Meu pai foi radialista há muito tempo na cidade e morou no Bairro de Fátima. Minha mãe foi professora por alguns anos e morou no Bairro Pacheco. Casaram-se em Palmeiras e eu nasci em Ouro Preto, onde moro até hoje. Ir à Ponte Nova sempre é uma alegria, mas mesmo anos e anos visitando, nada foi como a última vez. Uma cidade de ruas movimentadas, lojistas animados e bares mais ainda: não era mais a mesma! Em uma visita à prefeitura, percebi a gravidade do baque que a pandemia causou na administração de tudo, do município, das lojas, da imprensa. Como manter as pessoas em casa se é o comércio que faz a engrenagem da cidade funcionar? Prefeito acometido de uma empatia profunda aos profissionais de saúde e pacientes, comerciantes preocupados e com o olhar atento na rua de seu comércio. Profissionais da mídia local estão atentos e locutores se esforçam para que o público seja entretido e bem informado, vestem a roupa da animação e bom senso e vão até a emissora. Do Afonso Reis até o Ricardo Motta, todos estão empenhados para cobrar nenhum direito a menos e nenhum privilégio a mais dentro de Ponte Nova. Quando sai de Ouro Preto, que tem cerca de 230 casos confirmados para a COVID-19, passei por Mariana que já chega a quase 800 casos e cheguei a Ponte Nova, onde tive a certeza que nenhum governante sabe a forma correta de lidar com a pandemia enquanto cada um priorizar o individual e não cuidar do coletivo. O espiral tem início, meio e fim, porém, a demora, para que seja feita a primeira, a segunda, a terceira volta e chegar ao fim pode parecer uma eternidade, mas basta pegar num caderno de arame para ter certeza, que o espiral tem um fim. E nós iremos sair dessa.   (*) Jil Isidoro, radialista da Rádio Itatiaia, é filha do radialista Antônio Isidoro. Este, por sua vez, começou a carreira profissional em 1980 e continua na ativa.  

24/07/2020– 10:14

Plano Minas Consciente recebe centenas de sugestões da sociedade para aprimoramento Coletiva virtual de imprensa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e da Secretaria de Estado da Saúde (SES) desta quinta-feira (23/7/20). Ouça o Podcast da matéria a baixo  

23/07/2020– 18:09

O sábado, dia 25/07, será motivo de satisfação para muitos comerciantes de Ponte Nova que estão com as portas fechadas: é que o “Plano Minas Consciente” do governo estado, ao qual o município aderiu, liberou o funcionamento de vários segmentos do comércio e serviços que estão proibidos até o dia 24/07 (sexta-feira). Os gestores do plano decidiram que a macrorregião de saúde Leste do Sul  (região onde está situada Ponte Nova) poderá avançar no “Plano Minas Consciente”, pois apresentou índices controlados de contaminação por coronavírus e ocupação de leitos nos municípios. Com a decisão tomada pelo Comitê Extraordinário COVID-19 na quarta-feira (22/7), a região Leste do Sul passará para a Onda Amarela, que prevê a liberação de mais atividades econômicas. Poderão reabrir salões de beleza, lojas de roupas, calçados, livrarias, papelarias, entre outros serviços. Em Ponte Nova, o novo decreto será assinado pelo prefeito Wagner Mol Guimarães e valerá a partir de segunda-feira, dia 27/07, conforme anúncio que o mandatário fez no programa Canal Reis, na manhã de quinta-feira, dia 23/07.

23/07/2020– 14:22

O Sebrae pretende atender pelo menos 3.300 cidades com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), dentro do projeto “Municípios: prato cheio para o desenvolvimento”, lançado no dia 17/07 pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Associação dos Membros de Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e Confederação das Associações Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp). Por meio da iniciativa, foi criado um fundo financeiro para a compra e distribuição de itens essenciais em apoio a 200 mil famílias em situação de vulnerabilidade social, afetadas pela crise ocasionada pela pandemia do coronavírus. O lançamento, realizado por meio virtual, reuniu outras entidades envolvidas no projeto, como a Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB). Um dos objetivos do projeto é reunir os municípios, o poder público local, as associações de classe e empresas em torno das necessidades das populações carentes afetadas pelo covid-19. Ele assinalou que o Sebrae já vem fazendo ações para a retomada da economia, como a elaboração de protocolos e também por meio do projeto Líder, desenvolvido em três fases. A primeira é a sobrevivência do negócio diante da crise, a segunda é a retomada do negócio. A última é a superação do caos que a pandemia causou à economia do país.  

23/07/2020– 14:00

De acordo com informações do Portal G1 Minas de notícias, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou nesta segunda-feira (20/07) a reabertura de bares, restaurantes e lanchonetes de Belo Horizonte. O juiz Wauner Batista Ferreira Machado suspendeu o decreto municipal do dia 08 de abril que impediu as atividades dos estabelecimentos. Segundo informações, a prefeitura de Belo Horizonte entraria no próprio dia 20/07 com uma ação para suspender a liminar. A liminar positiva aos bares e restaurantes atendeu a uma reivindicação da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel) que entendeu na proibição um abuso de poder por parte do executivo municipal. De acordo com a liminar os estabelecimentos poderão funcionar observando as seguintes regras: distanciamento mínimo de dois metros de uma pessoa da outra; que seja considerado o espaço mínimo de treze metros quadrados por pessoa, para se quantificar quantas poderão adentrar o recinto do estabelecimento; que seja exercido o controle do fluxo de acesso aos seus estabelecimentos evitando aglomerações de espera do lado de fora, caso esgotado o seu espaço interno; privilegiar as vendas por encomendas previamente acertadas, além dos atendimentos com hora marcada; disponibilizar máscaras de proteção a todos que estiverem dentro de seu estabelecimento (funcionários e clientes), à exceção dos clientes que já as possuírem; disponibilizar as mesas, para o uso individual, com a distância mínima de dois metros, umas das outras, em todos os sentidos; excetua-se o uso individual da mesa quando a pessoa necessitar da ajuda de outra para se alimentar, como as crianças de tenra idade, as pessoas muito idosas, ou deficientes; é vedada a confraternização de pessoas dentro do estabelecimento, permitindo-se as pessoas ali permaneceram apenas pelo necessário para fazerem as suas refeições; crianças que não tenham o discernimento para permanecerem sentadas enquanto se alimentam, deverão estar no colo de seus pais e, se isso não for possível, não poderão permanecer dentro do estabelecimento; clientes não poderão servir-se pessoalmente dos alimentos destinados a todos, mas apenas daqueles que lhes forem individualmente preparados; fica vedado o fornecimento de alimentação através do sistema “self-service”, permitindo que um funcionário exclusivo sirva o prato dos clientes, a uma distância mínima de dois metros das comidas; clientes deverão permanecer utilizando as máscaras até o início das refeições,recolocando-as logo após terminarem; A decisão começará a valer a partir da sua publicação no Diário Oficial. O juiz Wauner Batista Ferreira Machado também determinou que o Ministério Público apure se há improbidade administrativa e crime de responsabilidade por parte do prefeito Alexandre Kalil (PSD) por legislar por decretos, “em clara afronta à Constituição Federal de 1.988, à Constituição do estado de Minas Gerais e à lei orgânica do município de Belo Horizonte”. *Com informações do Portal G1 Minas de Notícias  

20/07/2020– 21:21

Na tarde de ontem (17/07), a Prefeitura de Ponte Nova expediu novo decreto sobre o funcionamento do comércio na cidade. A medida segue recomendação do Governo do Estado, através do Programa Minas Consciente. Entre as principais alterações estão: * Restaurantes funcionarão para retirada de produtos na porta ou delivery. * Lojas com Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de comércio especializado de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo não estão autorizadas a funcionar. * Bares e Lanchonetes seguem com o mesmo funcionamento do decreto anterior. O novo decreto municipal entra em vigor na segunda-feira (20/07). Acesse o decreto completo no link: https://bit.ly/3fGcN6z

18/07/2020– 12:52

Na manhã de 17 de julho, o Editor Ricardo Motta e o Repórter Fernando Drumond do Líder Notícias estiveram nas dependências do Centro de Referência Regional COVID-19 HAG/Cisamapi, quando conheceram detalhadamente o local onde funcionava a Policlínica Milton Campos, na Rua Padre Nicolau Caríssimo, 113, no Bairro Palmeiras (Pau D’alho). Conforme noticiado anteriormente, o local tem 48 leitos clínicos e 02 (dois) leitos de UTI, para atendimento de casos mais graves de COVID-19. Todo o trabalho de fotografia e de vídeos foi realizado pelo repórter Drumond quando o presidente do Conselho Curador do Hospital Arnaldo Gavazza Filho, José Bueno de Magalhães, o Zezé Bueno, mostrou as dependências e como será o funcionamento com completa interatividade entre o Hospital Arnaldo Gavazza Filho o Centro de Referência. Por seu lado, o empresário e diretor administrativo da Bartofil Distribuidora, Carlos Bartolomeu, expôs sua opinião sobre o apoio da iniciativa privada na montagem do espaço médico-clínico e a luta pela manutenção da vida humana, sem se descuidar da vida econômica da cidade. Falou, inclusive, que, a Bartofil, mesmo em tempos de crise vai expandir seu Centro de Distribuição, em Anna Florência, gerando, até setembro, mais de 300 novos empregos. O secretário municipal de Saúde de Rio Doce, Rodrigo Leite, esteve acompanhando a visita da reportagem do Líder Notícias e também manifestou sua confiança no trabalho realizado para a implantação do Centro de Referência, que dará tranquilidade aos gestores municipais no combate ao coronavírus. Veja vídeo e fotos da visita   https://youtu.be/1vSLtaCuuns Zezé Bueno, Ricardo Motta, Rodrigo Leite e Carlos Bartolomeu percorreram as instalações do novo centro durante a reportagem.  

17/07/2020– 18:27

Na tarde de hoje, (16 de julho de 2020), foram entregues ao Hospital Arnaldo Gavazza Filho (HAG), por cessão do governo do Estado, equipamentos para ampliação de leitos de UTI. São 07 (sete) respiradores pulmonares, 07 (sete) monitores multiparâmetros e 01 (um) cardioversor, totalizando o valor de R$ 680.813,00. O ato de cessão foi publicado em 10/07, no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais. O prefeito Wagner Mol Guimarães, a Superintendente Executiva do HAG, Lucimar Fonseca (dos lados), a secretária de Saúde, Ariadne Salomão e Superintendente Regional de Saúde, Katia Jardim de Carvalho Irias (ao centro). Participaram da cerimônia, o prefeito Wagner Mol Guimarães, a Superintendente Executiva do HAG, Lucimar Fonseca, a secretária de Saúde, Ariadne Salomão e Superintendente Regional de Saúde, Katia Jardim de Carvalho Irias e o presidente do Conselho Curador do HAG, José Bueno de Magalhães (Zezé Bueno). Com as cessões do Estado e do Município de Ponte Nova, a população contará com 25 leitos de UTI para atender a demanda da Covid-19. Serão 18 leitos no HAG, 05 leitos no Hospital Nossa Senhora das Dores e 02 no Centro de Referência COVID-19 HAG/Cisamapi.

16/07/2020– 15:58

A empresa do transporte coletivo de Ponte Nova, São Jorge Auto Bus, deve dispensar mais de 40 trabalhadores nos próximos. A informação foi checada junto à direção da empresa que se limitou a dizer que “por enquanto está negociando um acordo, mas a tendência é a demissão, em vista de vários fatores”. A Editoria do Líder Notícias listou vários fatores que contribuem para esta decisão: diminuição do número de passageiros (estudantes incluídos), aplicativos de transporte (táxi), mototáxi (clandestino) e pouco repasse financeiro da prefeitura municipal (subsídio) que permite a manutenção de preços das passagens, abaixo do mercado. A palavra “crise” já era muito presente na realidade do transporte coletivo urbano sobre pneus. Sistemas de ônibus vêm enfrentando, ano após ano, perdas importantes no volume de passageiros transportados. “A pandemia veio apenas agravar o quadro. A queda no número de passageiros após as medidas de isolamento social em Ponte Nova foi de 75%, em média”, disse a fonte da São Jorge Auto Bus que não quis se identificar. Essa mesma fonte disse à reportagem que, se não houver aporte maior no subsídio da administração municipal, o caos poderá atingir de cheio a empresa. “Ao invés de 40 pessoas poderá ser demitida até a metade do quadro (hoje em torno de 190 trabalhadores), além de não haver mais vagas para trocadoras (es)”, sinalizou o entrevistado. O transporte coletivo precisa sobreviver No dia 09 de julho, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) enviou ofício  ao presidente da República, Jair Bolsonaro, pleiteando que o governo federal invista R$ 2,5 bilhões ao mês no transporte coletivo para que as cidades possam enfrentar a crise. A entidade leva em consideração que o sistema está atuando com cerca de 20% da demanda, mantendo 60% da oferta anterior. Junto ao pedido foi anexada uma proposta emergencial de aquisição de créditos eletrônicos de transporte (passagens) pelo Governo Federal apoiada por entidades do setor. Esses bilhetes antecipados poderiam ser destinados aos programas sociais do governo para utilização futura.  

16/07/2020– 15:48

A tradicional Lanchonete Estrela do Oriente, localizada nas esquinas da Avenida Caetano Marinho e da Rua Presidente Antônio Carlos, no Centro Histórico, fechou definitivamente suas portas desde a última sexta-feira, dia 10 de julho de 2020. A razão alegada por Sebastião (Tião), microempreendedor que trabalhou no local há mais de 38 anos, seria o valor alto do aluguel e o falta de movimento há mais de 100 dias. Vindo da comunidade rural Bonsucesso, em Barra Longa, Tião era empregado dos antigos proprietários os irmãos Flávio (Flavinho) e Fernando Raimundi, mas passou a dirigir o bar há mais de 12 anos depois que Flavinho construiu o “Gol de Placa” do Bairro Paraíso. Com Tião trabalhava José Antônio, o Gabiru, que hoje virou motoboy. A lanchonete era reduto obrigatório dos cinéfilos que iam ao local tomar café (ainda em xícaras de louça), ou cerveja, enquanto esperavam as sessões dos, também fechados e extintos, Cine Vitória e Cinema Brasil. Antes de Flavinho Raimundi o bar pertenceu a Dazinho Tavares e depois Lúcio. Começou a funcionar ainda na década de 1960 e nas suas paredes eram afixados os cartazes do Cine Vitória.

16/07/2020– 15:44

Especialistas e movimentos questionam sobre falta de detalhes do documento e apresentam alternativas de discussões para o retorno às aulas. O Ministério da Educação (MEC) lançou, no dia 1º de julho, o Protocolo de Biossegurança para o retorno das atividades nas Instituições Federais de Ensino. Em sua justificativa, o documento é apresentado como orientativo a gestores como instrumento de apoio na tomada de decisão, objetivando o retorno gradual das atividades presenciais, com manutenção de um ambiente seguro e saudável para alunos, servidores e colaboradores. No entanto, gestores e movimentos ligados à educação têm apontado que faltam, no documento,  informações sobre como realizar as ações indicadas, além de um horizonte de financiamento que permita colocar em práticas as medidas sugeridas, que requerem uma maior estrutura de espaço e de material a ser disponibilizado. Há queixas, ainda, sobre a falta de participação de entidades da sociedade civil na construção do texto. Para a coordenadora da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, um dos problemas é o de origem. O documento foi construído com alguns técnicos, como o próprio texto indica, sem participação de gestores e conselhos estaduais e municipais, profissionais da educação e estudantes. “É uma lista de recomendações totalmente descoladas da realidade de aplicação e com isenção do Estado acerca de como implementar - fica, novamente, tudo nas costas dos responsáveis pelas instituições de ensino superior e dos próprios sujeitos de direito. É um completo descaso e irresponsabilidade”, avalia. Andressa destaca ainda a questão do financiamento para seguir o protocolo de segurança. Em nenhum lugar do texto há uma perspectiva de mais recursos para o cumprimento. “Há uma preocupação imensa sobre com qual financiamento se garantirá que qualquer protocolo de segurança sanitária seja cumprido, sendo que temos milhares de instituições de ensino que sequer saneamento ou água têm, que têm turmas superlotadas e com poucos funcionários e sem formação para a demanda não só de orientações para o cumprimento das diretrizes como também para a limpeza e aplicação destas. Se não temos sequer EPIs [equipamentos de proteção individual] suficientes nos hospitais, quem dirá para as instituições de ensino. Em várias instituições, não há políticas de transporte adequadas, que são superlotados etc.”, exemplifica. Silvio Valle, professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e especialista em biossegurança considera importante a elaboração de um protocolo e defende que, com essa iniciativa, o MEC sinaliza para as instituições um documento básico de implantação dos processos mitigatórios contra a Covid-19. No entanto, ele indica que a redação precisaria enfatizar de forma mais contundente e detalhada, por exemplo, que cada unidade deve criar uma comissão de retornos às atividades institucionais com a participação de toda comunidade escolar e seus próprios manuais de biossegurança. “É de fundamental importância, do ponto de vista da biossegurança, que cada instituição elabore o seu próprio manual, com suas especificidades socioculturais, incorporando as questões de saúde mental, elaborando o procedimento operacional padrão (POP) para cada atividade específica, além de um mapa de risco do SARS-Cov-2 das instalações”, aponta e completa: “Além disso, é preciso criar indicadores para avaliação permanente do protocolo e definir prazos para sua implantação. Ao fazer a previsão do retorno das atividades, é preciso prever a possibilidade de que, devido às condições epidemiológicas, poderá ocorrer a necessidade de retorno ao distanciamento social, considerando que estamos diante de uma doença nova e que o conhecimento científico tem avançado quase que diariamente”. Questões divergentes Para a coordenadora geral do ensino técnico em saúde da EPSJV/Fiocruz,  Ingrid D’ávilla, ficaram sem esclarecimento questões que passam pelo caráter pedagógico, de estrutura, financiamento e até científico. “A gente  tem a expectativa de que o Ministério da Educação não concentre apenas uma lista de ações relativas à conduta de higiene ou mesmo de biossegurança. O que esperamos é que ele regulamente as práticas de biossegurança nas instituições escolares levando em consideração a complexidade delas. A forma como esse protocolo foi divulgado se refere a condutas que deveriam ser adotadas pelas escolas, mas sem nenhum comprometimento sob o ponto de vista estrutural desses espaços”, reflete e completa: “A gente vive no Brasil naturalizando que as escolas têm péssimas condições. Talvez seja o momento, a oportunidade de olhar para esses protocolos e pensar como esses espaços não têm sido capazes de promover saúde e condições laborais adequadas. E que talvez, a partir da urgência de implantar essas medidas, a gente venha a disponibilizar condições adequadas para o funcionamento das escolas públicas. Não é abrir mão dos protocolos, mas encará-los como um processo de reestruturação e, quem sabe, melhoria das escolas públicas”, defende Ingrid. Entre as questões que geraram dúvidas, inclusive relativas à própria área de biossegurança, estão a proposição de distanciamento de, pelo menos, um metro e meio entre as pessoas e o uso de bebedouros. Para Silvio Valle, sob a ótica da biossegurança,  esses pontos deveriam seguir as normas já estabelecidas pela comunidade científica como, por exemplo, o distanciamento físico, que tem sido indicado entre um a dois metros. “Não pode simplesmente determinar um metro e meio como algo fixo, a variação desta medida de distância leva em consideração outros fatores como ventilação, espaço disponível, entre outras coisas. Outro item que tem que deixar mais claro é atrelar essa distância à obrigatoriedade de utilização de máscaras não cirúrgicas”, completa. Segundo o documento, o uso do bebedouro deve ser atrelado à higienização individual com papel toalha. Silvio Valle discorda “Sugerimos na primeira fase a interdição ou adequação de uso dos bebedouros de acionamento manual, considerando sua utilização não ser possível o uso de máscara facial”, diz, reconhecendo, no entanto, que a nota técnica nº 101/2020 da Agência Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada para orientar a circulação em portos e aeroportos, não faz restrições ao uso desses equipamentos. O documento propõe ainda o escalonamento do uso de restaurantes e refeitórios. Na avaliação do pesquisador, a utilização desses espaços precisa estar bem detalhada devido ao grande risco de contágio. “Os restaurantes e praças de alimentação são considerados áreas críticas devido ao consumo de alimentos ser feito sem máscaras e pela elevada possibilidade de contato social, por isso há a necessidade de um detalhamento minucioso a ser discutido a partir de cada realidade”, avalia. Outras indicações que Valle considera de extrema relevância para o espaço escolar, e que constam no protocolo do MEC, são a aferição da temperatura em áreas comuns, entradas de diferentes salas e laboratórios, mas, segundo ele, falta o estabelecimento de um protocolo de encaminhamento de pessoas febris, além da restição de aparelhos de ar-condicionado nem nas salas de aula nem no transporte escolar, quando possível. Para Ingrid D’ávilla, caberia ao governo federal também apresentar um conteúdo mais amplo e detalhado e não um conjunto de medidas a serem tomadas. “Não esperávamos um protocolo que diz ‘cumpra-se’. Este documento deveria trazer um caráter informativo e até mesmo abordar pedagogicamente a questão. É importante ressaltar que é de extrema relevância a  existência de um protocolo, mas este deve ser realizado de forma coletiva e levando em consideração múltiplos fatores”, adverte. Entre esse fatores, Ingrid aponta o monitoramento epidemiológico da Covid-19, que pode ser acompanhado pelo sistema MonitoraCovid-19 . “Apesar da insuficiência de testes e da subnotificação de casos, é possível avaliar tendências de evolução de casos e óbitos. Três perguntas são essenciais nas análises sobre a situação epidemiológica local: 1) a Covid-19 está controlada no território? 2) o sistema de saúde tem condições de responder ao aumento de casos? 3) O sistema de vigilância em saúde pode identificar a maioria dos casos e os seus contatos?”, indaga. Ela indica ainda a nota técnica produzida pelo grupo de trabalho sobre distanciamento social no âmbito do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgada no dia 28 de maio de 2020. “ A nota apresenta indicadores que podem ser analisados para a tomada de decisão sobre a flexibilização do isolamento social e, posteriormente, a abertura de escolas”, exemplifica. Para esclarecer as questões, a reportagem entrou o contato com o Ministério da Educação, via assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Outras propostas sobre retorno às aulas Como uma forma de coletânea de múltiplas vozes e interpretações sobre o retorno às aulas, a  Campanha Nacional pelo Direito à Educação desenvolveu o Guia 8 - Reabertura das Escolas, que traz experiências e recomendações internacionais e de entidades nacionais sobre como esse processo deve ocorrer. Estão lá registradas orientações de entidades como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), além de proposições em pauta no Congresso Nacional. Ao final, o documento apresenta uma nota técnica e 20 recomendações e orientações produzidas a partir da análise dessas experiências. Andressa Pellanda, da Campanha, avalia que esse é um processo que requer cautela e ressalta a importância de se debater de forma coletiva.  “É importante ouvir e dar voz aos atores e sujeitos da educação. É sempre nessa perspectiva que trabalhamos. Assim, fizemos esse guia que sistematiza as principais preocupações e diagnósticos das diversas entidades representativas em nível nacional, assim como de suas orientações. A partir dessa análise, e considerando os princípios da Campanha, de atuação por uma educação pública, gratuita, de qualidade social universal e contrária a quaisquer discriminações, dialogando com as áreas da saúde e da assistência, em uma agenda intersetorial, elaboramos uma lista de 20 recomendações, que incluem todos os sujeitos de direito. O que se destaca é justamente a necessidade de a reabertura das escolas ser um processo muito bem pensado, com a participação de toda a comunidade escolar, a partir de uma avaliação precisa das distorções educacionais geradas pela própria política implementada em cada local nesse período de pandemia, com vias de corrigir rumos. E que cada localidade deve realizar seu próprio protocolo de retorno às atividades presenciais. Para isso, é necessário que tenhamos recursos financeiros alocados. E para que isso se efetive, é preciso colaboração federativa e mais recursos do governo federal”, defende. Entre os projetos em destaque no documento estão três Projetos de Lei em tramitação. Um deles é o PL 2949/2020, do deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), que aponta a necessidade de criação de comissões nacional, local e escolar para debater o retorno. Outro é o PL 3165/2020, suprapartidário, que estabelece ações emergenciais destinadas à educação básica pública, além de repasse de R$ 31 bilhões da união aos estados e municípios para executá-las. Por fim, o PL 3377/2020, do deputado Sérgio Vidigal (PDT-ES), torna obrigatória a testagem periódica de professores e profissionais de escolas públicas e privadas para detecção da Covid-19. Entre as entidades que lançaram diretrizes para o retorno às aulas está também a  Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), que propõe o retorno escalonado, com testes periódicos e número reduzido de estudantes por turma, medidas que também constam no protocolo do MEC, além de uma série de medidas de proteção dos trabalhadores. Apesar de o documento do MEC tratar apenas de institutos federais, tanto o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) quanto a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) lançaram também seus documentos, denominados, respectivamente, ‘Diretrizes para protocolo de retorno às aulas presenciais’ e ‘Subsídios para a Elaboração de Protocolos de Retorno às Aulas na Perspectiva das Redes Municipais de Educação  e à educação de todas as crianças, estudantes, profissionais e trabalhadores em educação’. Ambos enfatizam a importância de conselhos multissetoriais para planejar o retorno, medidas de segurança sanitária, escalonamento de aulas com base em dados epidemiológicos. A União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme) elaborou também o documento ‘Educação em tempos de pandemia: direitos, normatização e controle social - Um guia para Conselheiros Municipais de Educação’. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em sua nota de alerta ‘Covid-19 e a volta às aulas’, recomenda que o retorno seja feito de forma gradual, cautelosa, e incluindo todas as precauções necessárias para minimizar a disseminação do vírus nas escolas. O Movimento Interfóruns de Educação Infantil  braisleiro(Mieib) divulgou o material de orientação ‘Para um retorno à escola e à creche que respeite os direitos fundamentais de crianças, famílias e educadores’ que  traz um conjunto de recomendações referentes aos direitos humanos das crianças, famílias, professoras, educadores e funcionários que trabalham nas instituições de educação infantil. Fonte: Viviane Tavares - EPSJV/Fiocruz

14/07/2020– 13:11

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