Desde que as vacinas contra a COVID-19 foram desenvolvidas, a pergunta mais ouvida por especialistas tem sido: de quantas doses precisaremos para nos imunizar contra a doença?
Com exceção da vacina da Janssen, todas as demais fixaram seu esquema vacinal em 02 (duas) doses, com intervalo variado. Depois de meses acompanhando pessoas vacinadas e com a chegada da Ômicron, variante mais contagiosa, especialistas do mundo todo concordam que esquema vacinal deverá ser de 03 (três) doses e não 02 (duas), como inicialmente.
Mas e depois de completarmos o esquema primário com 03 (três) doses, precisaremos de reforço ou booster, como também são conhecidas as doses adicionais ao esquema inicial? Quantas doses extras serão necessárias, e com qual intervalo? Até o momento, parece haver consenso em relação à necessidade de uma 4ª dose para as pessoas imunossuprimidas, pois as evidências já mostram que a resposta imunológica desse grupo é mais baixa.
A comunidade científica ainda não tem resposta correta, e ela também vai depender, entre outros fatores, do cenário pandêmico, ou seja, se surgirão novas variantes, se a cobertura vacinal mundial se tornará menos desigual, entre outros. Também não parece haver dúvida de que, até o momento, não há necessidade de se ofertar uma 4ª dose a toda a população.
“Os riscos e benefícios de uma 4ª dose ainda não estão claros”, afirma a dra. Denise Garrett, médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, autoridades sanitárias e infectologistas têm reafirmado essa posição, com base nos dados divulgados em pesquisas como a do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano, que revelam que a proteção para hospitalizações cai para 78% após quatro ou cinco meses, número considerado bom.
VACINAÇÃO NO BRASIL
De acordo com o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da COVID-19, que presta assessoria ao Ministério da Saúde, o principal indicador para a necessidade de 4ª dose é a perda de proteção em quem recebeu três doses
“Acompanhamos as taxas de hospitalizações, e não há, até este momento, nenhuma indicação, em nenhuma faixa etária, de aumento de risco de hospitalização para quem tomou a 3ª dose”, explica Renato Kfouri.
Para o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Faculdade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), faltam dados de efetividade para o grupo de pessoas que receberam o esquema primário: 02 (duas) doses ou a 3ª dose de CoronaVac. Para ele idosos com mais de 75 anos poderiam se beneficiar de uma 4ª dose, visto que a maioria das pessoas dessa faixa etária foi vacinada com a CoronaVac, que tende a cair a imunidade consideravelmente com o tempo, nesse grupo.
As discussões seguem na comunidade científica internacional e nacional, e mais evidências vêm sendo produzidas. Já aprendemos com a pandemia que é preciso tempo para chegarmos a conclusões mais definitivas, e que as recomendações que servem para hoje podem mudar daqui a alguns dias.
Infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda a 4ª para todos acima de 75 anos, que se vacinaram com CoronaVac