Em Santa Catarina existe uma cidade que costumo citar como exemplo. Chama-se Pomerode e está localizada na Mesorregião do Vale do Rio Itajaí a aproximadamente 30 km de Blumenau. É tida como “a cidade mais alemã do Brasil”. O nome da cidade deriva da origem de seus fundadores vindos da Pomerânia no norte da Alemanha e junto ao Mar Báltico. Com pouco mais de 30 mil habitantes, a cidade utiliza 03 (três) idiomas, o pomerano, alemão e o português. Vou explicar por que ela me encanta.
Para cuidar da educação dos jovens existe um conselho comunitário formado por moradores. A missão é observar se tem alguma criança fora da escola. Ocorrendo eles abordam a família, levantam as causas e encaminham a solução. As providências vão desde material escolar, alimentação, uniforme e suporte pedagógico. Criança não fica fora da escola. O índice de analfabetismo é de 1,6% da população não alfabetizada, em sua maioria idosos, e situa-se entre as três melhores do Estado. Educar é uma forma de promover o futuro.
Outro aspecto de relevância é a imperceptível presença de mendigos. Por ser uma cidade de pequeno porte é possível se observar a presença deles. Bem estruturado, o Serviço Social se encarrega de identificar as necessidades e a origem do desassistido. A ordem é: ninguém deve passar fome e frio em Pomerode. Se aparecer um novo morador de Rua sem ligações com a cidade, ele é abordado. Caso a vinda a cidade seja apenas engrossar o contingente, ele recebe alimentação e passagem para retornar a sua cidade de origem. Nesse processo se avalia antes o potencial de trabalho e a oportunidade de emprego que é boa. Mandar alguém embora dessa forma não é legal, mas funciona. A criminalidade é baixa e os moradores se orgulham da segurança.
A rede de ensino é de boa qualidade e prepara os cidadãos para as oportunidades de trabalho numa economia diversificada. Turismo, indústria, comércio, artesanato e serviços oferecem oportunidades. A população economicamente ativa é de 62,3%. Perto de 2000 empresa oferecem cerca de 14 mil empregos formais e 30 delas exportam. A relação de habitante por emprego é de 2,2. Nem tudo é perfeito e a cidade deve ter seus problemas. O diferencial está na forma de como se resolvem.
Fiz este relato porque me deparo diariamente com algumas situações. Na região da Praça de Palmeiras é comum encontrar moradores de Rua pedindo moedas para garantir a sobrevivência. O número de pedintes cresce. Dormem nas calçadas sobre velhos colchões e cobertores. ONGs distribuem agasalhos e alimentos dentro do possível. Mas é preciso mais. A política pública de assistência precisa de mais recursos e ser aperfeiçoada.
O morador de Rua é segregado. A maioria das pessoas evitam chegar perto com medo de infecção pela COVID-19. Se ninguém se aproxima eles estão seguros, mas também precisam de vacina. Não sei dizer se estão incluídos no plano de imunização. São humanos e mais leves que a maioria. Não possuem voz e estão à mercê da pouca generosidade humana. O pouco de muitos pode fazer o muito de poucos. BOA SEMANA!