A crise alimentar e energética na Argentina tem raízes no domínio político de Cristina Kirchner. Ela manda mais que o presidente Aberto Fernandes. A inversão nessa hierarquia é uma anomalia. A ex-presidente estabeleceu ao longo de sua vida política uma rede de cumplicidades e dela se vale para exercer um poder do “meu primeiro”. A maioria das agências está controlada e os distúrbios econômicos estão camuflados. Com inflação em alta e diante dos problemas da mesma ordem que assombram diversos países, a Argentina perde a oportunidade de se valer da crise. Com a segunda maior reserva de óleo e gás de xisto, e a vocação para produzir em grande escala o milho, trigo e fertilizantes, a economia sucumbe pelo controle do Estado. O fortalecimento da economia se perde diante de um cenário favorável que está sufocado pelo Kirchnerismo.
O problema político é mais contundente que o econômico. A esquerda por lá, tem as mesmas vocações da maioria dos países do continente. O modelo cria oligarquias e controlam o setor produtivo. Ciar um Estado dominante é para dele se valer. Investidores estrangeiros que gostariam de, por lá investir, não o fazem “pelo risco que correm pelas restrições ao acesso ao capital impostas pelo governo”, conforme afirmou o embaixador americano na Argentina, Marc Stanley. Se a Argentina não mudar a velha forma de se relacionar com parceiros potenciais, certamente perderá a oportunidade de surfar na onda de oportunidades que o momento oferece. O mundo está precisando de combustíveis e alimentos.
No Equador a situação é análoga. Também sob forte crise econômica com problemas de toda ordem põe o presidente Guillermo Lasso em situação crítica. Após perder alianças no Congresso o presidente ainda enfrenta a renúncia de quatro ministros e acusações de envolvimento com desvios de dinheiro para paraísos fiscais. A crise é tamanha que Lasso recorreu ao FMI para obter empréstimo de 6,5 bilhões de dólares. O brasileiro conhece muito bem as pressões de outrora dos “velhinhos” do FMI. A regra é a mesma para todos. Controlar o déficit fiscal. Aí a coisa se complica. Para acabar com as manifestações lideradas pelo poderoso movimento indígena que detonou também crise política, o governo teve que fazer concessões. Prometeu voltar com o subsídio dos combustíveis na tentativa de baixar o custo de vida.
O Equador é exportador de petróleo e o litro de gasolina mesmo subsidiada, tem custo superior a 12 reais/litro. O subsídio vai custar 700 milhões de dólares/ano (37 milhões de reais). Cumprir as metas fiscais impostas pelo FMI está ficando cada vez mais difícil. Durante a paralisação cerca de 50% dos 1000 poços de petróleo pararam por 18 dias. O prejuízo estimado foi de 1 bilhão de dólares. O governo vai ter que bancar o aumento do bônus assistencial aos mais pobres, subsidiar insumos para a agricultura e perdoar dívidas de até 3 mil dólares com entidades públicas.
Enquanto isso o Chile promulga a nova Constituição. Não sei onde foram buscar tanta inspiração. Na Venezuela? Em Cuba? Sei lá! BOA SEMANA com a alegria de ser brasileiro.