Próximo quadriênio acena com panorama econômico e social ainda mais crítico. Com o fim previsto do “Auxílio Emergencial” para dezembro, a quase totalidade dos beneficiários perderão renda. Contrariando o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro acenou no início desta semana com o alongamento do benefício. Importante que isso aconteça, pois quem tem fome tem pressa. Diante da imprecisão da data de liberação das vacinas contra a COVID-19, antevejo que os próximos quatro meses serão de criticidade para a economia.
Voltar à normalidade não tem data prevista. A taxa de desemprego supera aos 12,8 milhões e esse índice só decrescerá quando o mundo erradicar o coronavírus. Neste mês estamos ameaçados também pela inflação que deverá fechar acima da meta do Banco Central. A inflação é reflexo do comportamento dos preços no mercado consumidor. Estão conspirando pela alta principalmente, a carne, o arroz e a soja. O arroz está escasso no mundo todo e mesmo com a isenção dos impostos de importação, o preço final ao consumidor continua alto. A soja impacta principalmente no preço do óleo de cozinha. A China já comprou a próxima safra brasileira, que curiosamente, ainda não foi plantada. Os chineses são grandes importadores de carne e outros alimentos, necessários para alimentar uma população próxima a 1,4 bilhão de habitantes.
A pandemia levou a economia mundial ao estágio de preocupação com reflexos sociais que serão sentidos nos próximos dois anos. As previsões não são boas e a forma como esses problemas se manifestarão deve ser pensada desde agora. Os fragmentos de uma convulsão social são indesejáveis. Mesmo que o mundo se confesse partidário da abertura de mercado, é natural que as medidas restritivas para negócios nesse mercado sejam de proteção. A prioridade é primeiramente produzir e consumir internamente. As comodities brasileiras terão que se ajustar nesse contexto. O agronegócio é o fiel de nossa balança comercial, e mesmo em tempos normais, sofre todo tipo de pressão. União Europeia e Estados Unidos são os principais concorrentes e se valem das artimanhas de distorção nos temas como meio ambiente e direitos humanos.
Além dessas instabilidades temos os aspectos políticos. Com a derrota de Donald Trump na corrida para permanecer na Casa Branca (EUA) surgem incertezas. A política de relacionamento comercial com o Brasil ainda está revestida de incertezas. Como Joe Biden vê Jair Bolsonaro, confesso amigo de Trump, relutando em reconhecer sua eleição? Se Biden foi eleito democraticamente pelo voto e nosso presidente defende a democracia é incompreensível essa relutância. Politicamente comete um erro crasso.
Internamente continuamos instável politicamente. Com as articulações dos presidentes do Senado e da Câmara Federal em reeleger-se nos cargos sem amparo constitucional, o país mais uma vez dá demonstração da prática do favorecimento. Eles querem, mas a decisão está nas mãos do STF (Supremo Tribunal Federal). No STF as decisões as vezes são imprevisíveis.
Diante de tantos desafios é preciso seguir mantendo a velha crença de que “brasileiro não desiste jamais”. BOA SEMANA!