Começo pela atuação do agora ex-presidente da Petrobras Roberto Castelo Branco, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 19/02. Se fosse seu sócio não faria nenhum reparo a sua atuação. Como consumidor não aprovo, pelo que vou expor adiante. Ao longo de sua gestão fez a recuperação financeira da Estatal, combalida pelos roubos sem limites promovidos nos governos anteriores. Tendo na mão o poder de regular o mercado, valeu-se com ousadia dos mecanismos que o petróleo concede. Assim fez a recuperação financeira da petroleira para alegria dos investidores.
A medida questionável é a parametrização do preço do petróleo com o mercado internacional e a variação cambial do dólar. Neste cenário os argumentos são de defasagem dos preços no mercado interno. Na Itália o preço do litro da gasolina custa 1,2 euro o litro, cerca de 7,98 reais. Pelo critério o preço interno está barato. Acontece que nosso poder aquisitivo é determinado pelo Real. Há necessidade de um ajuste na metodologia das revisões dos preços que acontecem diariamente. Uma delas, seria estabelecer média ponderada entre o preço do barril do petróleo importado e o custo da produção interna. Como exemplo: o preço comercializado no mercado internacional regulado pela OPEP – Organização dos Países Produtores de Petróleo – é de 61,0 dólar/ barril. O custo médio (2020) da extração nos diversos tipos de plataformas no Brasil é de US$ 9,7/b, sem logística, refino, impostos, lucro etc. Temos margem para rever a metodologia dos reajustes.
Em 2020 a média de produção brasileira foi de 2,94milhões/barris/dia. O país exporta 1,4 milhão/b/dia. O Consumo interno é de 3,1 milhões/b/ dia. Conclusão simples: exportamos para importar. Outro fator é o custo da nossa produção. Irã tem custo de US$ 1,9/b, Iraque 2,2 a Arábia Saudita 3,0 e EUA 5,9. Vale registrar que extrair petróleo em águas profundas como nos pós sal brasileiro, é mais caro. Ao obter lucros expressivos a Petrobras reforça sua capacidade de investimentos, mantém o valor de mercado da empresa em alta, e remunera de forma extraordinária os acionistas.
Cerca de 33% das ações da Estatal foram negociados na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Em 2019 foi condenada pela Câmara de Arbitragem do Mercado da bolsa a pagar cerca de 22 bilhões de dólares em três ações movidas por 1.400 investidores (1 mil são fundos de pensão), pelas perdas provocadas pelas irregularidades descobertas na Operação Lava Jato. Os culpados pelos roubos, passam bem. Quando pagamos caro pelo combustível estamos promovendo bons ganhos aos que possuem ações. Ora, quem investe em ações sabe que pode ganhar num dia e perder no outro. A desvalorização das ações da Petrobras na Bolsa de Valores é do ‘jogo”.
A composição média nacional do preço da gasolina divulgado pela MINASPETRO no último dia 10 é: Realização Petrobrás 29% – Adição de Etanol 15% – Impostos Federais 15% – ICMS Estadual 29% – Distribuidoras e POSTOS 12%. Nos resta aguardar medidas que penalizem menos o consumidor. É hora de parar de jogar pedra nos donos de Postos. Eles são a menor parte dos custos nessa cadeia. BOA SEMANA!