Taxa de comodidade é abusiva

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Dia desses fiz pedido a supermercado para entrega delivery. Compras no valor de 162 reais. No cupom foram acrescidas as taxas de entrega 7 reais e 5 reais de taxa de comodidade. Não conhecia essa proeza e até que me expliquem a que se destina, permaneço indignado. Explico: neste momento o que mais se prega é o fique em casa, evite aglomeração, álcool gel etc. Quando o estabelecimento não colabora para que o consumidor não saia de casa, a taxa de comodidade é um despropósito. O valor de 13 reais de taxas é equivalente a 2 kg de feijão ou 3 de arroz, ou óleo de cozinha, um 1 kg de filezinho de frango congelado etc., que leva o consumidor a sair para as compras por questões econômicas. Milhões de brasileiros passam por dificuldades. A falta de renda atinge 25 milhões de trabalhadores informais e quase 15 milhões de desempregados.

A pandemia ainda vai durar bom tempo. A solidariedade não pode ser relegada a plano secundário. Existe muita gente passando necessidade. Adaptar-se ao novo cenário é mais do que obrigação. O momento sugere que fornecedores estejam imbuídos do espírito solidário e de cidadania. Se não há cortesia por parte do supermercado para a entrega grátis, é justo que se pague o motoboy. Ele está se expondo para defender o sustento da família. Mas engolir essa taxa de comodidade, não dá!

Sou defensor do compre aqui para gerar emprego/renda e tributos para a cidade. A crise gerada pelo coronavírus vem mudando o perfil do consumidor. Pesquisa da “Spending Pulse”, um indicador de vendas no varejo que abrange todos os tipos de pagamentos, indica que no ano passado o ecommerce brasileiro teve um crescimento de 75% quando comparado ao ano anterior. Isso se deu após o início do isolamento social. Se os negócios desandaram para a maioria dos lojistas, abriu novas oportunidades para o comércio eletrônico. Atualmente nesse tipo de atendimento se compra de tudo com frete grátis. Se for produto de consumo regular o fornecedor oferece o serviço de entrega programada mediante cadastro do produto, prazo e forma de pagamento. As entregas são rápidas e os preços são competitivos quando comparados aos praticados no comércio local.

Esse é o desafio do momento e dos próximos dois anos. Dinheiro pouco leva o consumidor a buscar as melhores alternativas para as compras. O comércio eletrônico precisa ser entendido e enfrentado com estratégias que motivem o consumidor a buscar localmente opções de escolha, preço e pagamento. Buscar sensibilizar o consumidor para a importância de prestigiar o comércio local, por si só, é pouco. É preciso mais que isso. Boa parte da grande massa consumidora está sem renda. Voltar a ter ganho regular pode levar um tempo. Quando a pandemia for controlada nada maia será igual. É preciso começar a reinventar a economia e torcer para que a política não afunde o barco. O dinheiro está curto e o consumidor arredio. Neste momento o consumidor luta com o que tem, e resiste até a taxa de comodidade.

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