“A boiada passa, e ela não tem freio, escrúpulo, vergonha”

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Foi o que disse dom Erwin Kautler, bispo emérito do Xingu à Folha de S.Paulo em 29 de maio de 2021. Para ele, ainda não desceu a frase pronunciada pelo ministro do Meio Ambiente em abril de 2020 em uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto em Brasília. Ele disse que o governo deveria aproveitar a pandemia para passar a “boiada”. O investigado ministro Ricardo Salles pela prática de advocacia administrativa, organização criminosa e contrabando de madeira na região norte (Pará e Amazonas), referia-se a propor alterações na legislação ambiental para ajudar os empresários e milionários madeireiros e empreendedores imobiliários, várias imorais portarias e decisões de Ricardo Salles foram barradas no STF (Superior Tribunal Federal).
“Isso para mim foi uma das mais vergonhosas expressões que um político brasileiro já produziu”, acrescentou o bispo do Xingu, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Ele entregou uma carta, assinada por lideranças católicas, aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco. Dom Erwin Kautler quer que os políticos “realmem” a economia e não sejam coniventes com projetos que devastam o meio ambiente, como o que está tramitando no Congresso Nacional.
O projeto de lei 3.729/2004 torna letra morta o licenciamento ambiental. Se aprovado empreendimentos avançarão impiedosamente sobre a nação indígena e as comunidades quilombolas. Outro projeto vergonhoso, chamado de “PL da Grilagem”, permite a titulação de terras após invasão por grileiros que falsificam documentos. É regulamentar o crime!
Em porcentagem menor, a legislação ambiental de Ponte Nova sofreu um retrocesso depois de 2017, com a entrada no poder do atual mandatário. Tirou prerrogativas da sociedade organizada, como associações de bairros e ONGs, “pois agora a raposa cuida do galinheiro”.
Antes, uma Câmara Técnica do Codema analisava corte e poda de árvores em vias públicas. Isto agora é incumbência direta do poder público. Resultado: centenas de árvores foram cortadas e substituídas (poucas) por árvores de pequeno porte, contribuindo para o empobrecimento do verde e consequentemente diminuindo o poder de captação de gás: aquecimento local pra valer!
Nem tudo está perdido: nesta semana que antecede o Dia Mundial do Meio Ambiente, que transcorre amanhã, 05 de junho, a secretaria municipal de Meio Ambiente (Semam) vai distribuir mudas de árvores nativas e de frutíferas, é só ligar para (31) 3881-1896 e agendar a retirada das mudas. 300 mudas serão doadas para a Associação Comunitária dos Amigos e Moradores de Copacabana (AmaCopa) para replantio no local onde um incêndio consumiu mais de 500 mudas plantadas recentemente.
*Meu Nome é Ricardo Motta de Almeida, sou mineiro de Coimbra, 48 horas de cavalo e 10 de trem. Jesus Cristo é aquilo que me ajudou a compreender o que eu não compreendia: a solidariedade, a fé e a coragem para dizer o que penso! (Parodiando Raul Seixas).
(*) Ricardo Motta é jornalista, escritor e poeta. Ambientalista desde 1977

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