Crônica de um desastre anunciado (ou o triste desmonte da agenda ambiental brasileira)

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Esperava-se muito pouco da agenda ambiental de um governo Bolsonaro, é verdade.
Afinal, as evidências eram abundantes: o termo “meio ambiente” só recebeu uma única menção no seu programa de governo. Assim que se elegeu defendeu abertamente o fim do Ministério do Meio Ambiente e só recuou devido às pressões internacionais. Em dezembro (2018) repetiu que o IBMA era uma “indústria de multas” e que ia mudar isso aí, tá ok?

Contrariando a turma que acreditava que eram apenas bravatas de campanha, ao assumir a presidência o capitão arregaçou as mangas e já na reforma ministerial de janeiro tratou de sequestrar a ANA (Agência Nacional de Águas) para o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Serviço Florestal Brasileiro para o Ministério da Agricultura.
Depois de reorganizar o tabuleiro institucional ao seu gosto peculiar, o governo destacou o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Novo/SP) para pilotar a nova agenda ambiental ao estilo Bolsonaro. O ministro Salles é aquele que ganhou notoriedade por ser o primeiro ministro ficha-suja em um governo que se elegeu com a bandeira anticorrupção. Ele foi condenado em São Paulo (foi secretário da pasta de meio ambiente) por favorecer mineradoras, mudando um plano de manejo.
O desmonte da agenda ambiental promovido pelo governo Bolsonaro supera as previsões mais pessimistas. Enquanto isso, o mundo assiste apreensivo e ensaia boicotes aos produtos oriundos do desmatamento. É difícil prever onde vai parar esse processo de desmonte da área ambiental. A companheira de chapa do democrata Joe Biden, escolhida na terça-feira, 11/08, Kamala Harrisfaz parte do grupo de senadores que se opõem a acordos entre Brasil e EUA, por causa do desmatamento na Amazônia.
Para encerrar este artigo, trago uma declaração de Luiz Queiroz d’Orange (nome fictício de um analista do IBAMA, pois a maré não está para peixe miúdo): “É importante ressaltar que nisso Bolsonaro não era fake news – sua campanha falou claramente que iria desmontar a gestão ambiental no Brasil. Quem votou no capitão, com as mãos fazendo gesto de “arminha”, sabia que estava hipotecando um futuro mais sustentável e próspero para o Brasil.
É inescapável a sabedoria do Barão de Itararé: “de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo”.

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