A mulher está sem máscara e passa a ideia de que sorri. O líder do movimento, Glauco Martins, retira a sua para se comunicar com os que tiveram coragem de participar do movimento. O mote do protesto era: “igreja aberta também salva”. Embora tenha a certeza de que foi um ato fora de propósito, eu sou a favor da manifestação, pois faz parte da democracia e não deve ser reprimida. A pluralidade de opiniões deve ser mantida.
“Prefeito, por favor, pense com carinho. No mínimo, porta aberta sem culto presencial. Só para atendimento. Tiramos as cadeiras”, relatou Glauco Martins que é Apostolo da Igreja Filhos de Deus. O prefeito Wagner Mol Guimarães manteve-se irredutível e ainda disse: “o verdadeiro encontro de Deus com as pessoas acontece no coração”.
O mais preocupante é que os participantes do manifesto traziam bandeiras de Israel, país governado por um primeiro-ministro denunciado por corrupção, além de ser um país conhecido por matar seus irmãos palestinos sem dó nem piedade. Pior: tinha uma bandeira brasileira com metade do símbolo de Israel cortando o celeste da pátria brasileira. Vendo a manifestação, não tive dúvida de que o fundamentalismo religioso chegou a Ponte Nova!
Em decisão assinada na quinta-feira, 15 de abril, 02 (dois) dias antes do protesto em Ponte Nova, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Nunes Marques, revogou liminar concedida por ele próprio, em 03 de abril, que autorizava práticas religiosas em templos e igrejas durante a pandemia da COVID19, desde que atendidos os protocolos sanitários. Em 08 de abril, o plenário do STF, por 9 x 2, havia cassado a sua liminar e dias depois ele (Nuno Marques) entendeu que deveria adotar o critério de que abertura de templos é competência de estados e municípios, por causa da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 135 pessoas em Ponte Nova e mais de 380 mil em todo país.
A questão da abertura do comércio ou outro local, me parece uma discussão cada vez mais acalorada. Do meu lado, já escrevi que os governantes fizeram a população de cobaia e eles próprios foram cobaias, por não entenderem nada do que estava acontecendo: o coronavírus é realmente letal.
Por exemplo: desrespeitaram a Constituição e leis nacionais em pelo menos 02 (duas) ocasiões: proibiram idosos de andar gratuitamente nos ônibus, colocando os “velhos” como párias e perigosos, pois eram do grupo de risco. E hoje, eles não são? Estão morrendo mais pessoas entre 29 ano e 50 anos.
Outro desrespeito flagrante, arremetendo o país à época da Ditadura Militar foi o decreto do Toque de Recolher, ato típico de ditadores, só que com votos. Outras besteiras: proibir vendas de bebidas, proibir consumo em público, exigência de CPFs e proibir visitas de familiares. E agora, vem este protesto para reabrir templos religiosos, local de aglomerações.
(*) Ricardo Motta é jornalista, escritor e poeta. Ambientalista desde 1977