Os nomes aos cargos de prefeito já foram escolhidos pelos partidos em Ponte Nova. Qual será o Plano de Governo de cada um? Durante anos que moro em Ponte Nova, não enxerguei a evolução necessária para a execução de políticas públicas em defesa do meio ambiente.
Algumas exceções devem ser anotadas neste minifúndio de papel. É da lavra do prefeito Sette de Barros (1983- 1988) o plantio da maioria das árvores existentes em Ponte Nova (mais de 04 (quatro) mil árvores), com preferência para a sibipiruna e alfeneiros.
Antônio Bartholomeu (1974-1980 e 1989-1992) criou Parque Florestal Tancredo Neves (Passa-Cinco) que foi implementado por Sette de Barros, e o Codema.O Vicentino ainda marcou sua história na arborização das duas margens do Rio Piranga entre a Ponte da Barrinha e o Pontilhão de Ferro.
A legislação municipal de Meio Ambiente foi criada no governo de Sette de Barros e alterada somente em 2016 (administração Guto Malta), com a criação do Código de Meio Ambiente. O que mais avançou foi no governo Taquinho Linhares, quando foram criadas as leis que protegem o Rio Piranga contra a construção de hidrelétricas e permite a implantação do parque linear nas margens do mesmo rio. Entretanto, estamos engatinhando na questão do lixo urbano e rural.
Ponte Nova não tem aterro sanitário e a permanência do Lixão do Sombrio é uma ameaça à saúde pública e um desafio que permanece sem solução. Mesmo tendo a prefeitura um terreno adquirido em 2010 (Joãozinho de Carvalho), com verba do Fundo Municipal de Meio Ambiente que era controlado pelo Codema.
O abandono do Passa-Cinco, entregue a vândalos e aberto a queimadas todos os anos, deveria ser prioridade em qualquer plano de governo de qualquer candidato. Não só pela beleza cênica, mas por ser uma alternativa para o abastecimento de água em caso de uma situação de risco na captação no Rio Piranga. No parque existe um déficit de mais de 40 mil árvores e isto é sentido em tempos de estiagem com o esvaziamento das lagoas em mais de 02 (dois) metros.
O tratamento de esgoto é uma novela que se arrasta há 18 anos, mas vale a pena dizer que no atual governo (Wagner Mol Guimarães) estamos avançando com a construção de interceptores que livrarão os córregos e ribeirões do indesejado despejo de esgoto sanitário.
Entretanto, será preciso fazer um rearranjo na área, devolvendo a autonomia ao Codema que foi retirada de forma sintomática e vergonhosa nos últimos anos, transformando-se num apêndice da Semam e de tabela sem a participação popular com voz e poder, que também foi retirado, pois o presidente é automaticamente o secretário de Meio Ambiente, que comanda o licenciamento.
É bom lembrar que o Codema, criado em 1981, foi o responsável por todo o arcabouço da legislação criada em Ponte Nova, sempre com a participação efetiva do ambientalista Hélcio Totino (falecido). Depois que ficou debaixo das garras do poder executivo o que se viu foi uma aberração: medidas compensatórias são direcionadas para obras e não para melhorar o meio ambiente. Fica lançado o desafio para os candidatos: dirijam seus olhares para o que há de mais importante, pois cuidar do meio ambiente é uma questão de saúde pública!
(*) Ricardo Motta é jornalista, escritor e poeta. Ambientalista desde 1977