CINEMA BRASILEIRO: SEM PATROCÍNIO
“Já não aguento mais. Faz mais de um ano que recebi a informação que meu projeto, com roteiro escrito há mais de trinta anos, sobre a revolução mineira de 1842, comandada por *Teófilo Ottoni, um marco na história de Minas e do Brasil, estava aprovado, saiu no Diário Oficial. Assinei a papelada pedida, veio a pandemia e assim, no ar, estou até hoje esperando a confirmação do início da produção (assinar contratos e receber a grana para iniciar as filmagens). Nada aconteceu e dias atrás recebi essa notícia”, diz José Sette, cineasta em sua página no Facebook. A notícia a que se refere o cineasta de Um Filme 100%, com externas no Hotel Glória de Ponte Nova, em 1984, é que a Secretaria Nacional de Cultura, comandada pelo ator Mário Frias, cancelou na Ancine (Agência Nacional de Cinema) o saldo das chamadas públicas Fluxo Contínuo TV 2018 (R$ 251 milhões): Fluxo Continua do Comercialização 2018 (R$ 28 milhões); Prodaf 13/2016 (R$14 milhões) e Chamada de Fluxo Coprodução Internacional 2019 (R$ 39 milhões), além das chamadas pública Ancine de 2016 e 2017. “Trocando em miúdos, isso se configura num calote de efeitos devastadores para inúmeros profissionais da área. O dinheiro não será repassado, conforme combinado, mesmo que ele exista como saldo no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Para todo o cinema brasileiro, outra medida nociva decidida na ocasião foi a extinção do regulamento geral do Programa de Desenvolvimento do Audiovisual (Prodav). Na prática isso significa que, na falta de regras amplas, cada edital possa definir as próprias diretrizes”, externa irado o cineasta ponte-novense, filho do saudoso prefeito Sette de Barros.
(*) Teófilo Benedito Ottoni, nascido na cidade do Serro, foi um dos principais líderes da Revolução de Preso e processado, foi julgado e absolvido por unanimidade em mariana sendo depois beneficiado pela anistia geral decretada pelo Imperador Dom Pedro II. Ottoni foi deputado provincial por Minas Gerais, deputado geral (federal) e senador do Império. À época, escreveu regularmente no periódico oposicionista “Sentinela do Serro” e era o seu principal redator.