Em Ponte Nova, infelizmente o triste cenário dos usuários de droga está presente em várias partes da cidade. A reportagem do Líder Notícias sempre registra nas esquinas e mesmo debaixo da Ponte do Bahamas pessoas que já se encontram completamente dominadas pelo vício. Muitas delas predominantemente jovens é um terrível quadro de vulnerabilidade social, morando nas ruas. Hoje é muito comum o uso indiscriminado de vários tipos de drogas em festas privadas ou em eventos públicos. As mais consumidas principalmente pelo público jovem são maconha, cocaína e o crack.
Segundo o site www.brasilescola.uol.com.br, são consideradas drogas todas as substâncias capazes de alterar as funções fisiológicas ou psicobiológicas do corpo. “As drogas mais utilizadas e conhecidas no Brasil são: Álcool; Energéticos; Maconha; Cafeína (pastilhas); Tabaco e Narguilé; LSD; Ecstasy; Cocaína e Benzodiazepínicos (ansiolíticos)”.
“Drogas são toda e qualquer substância capaz de alterar as funções fisiológicas ou psicobiológicas de um organismo”. Dessa maneira, um analgésico ou um antiácido, frequentemente tomado para melhorar mal-estar, também são considerados drogas. Entretanto, o termo “drogas” é comumente usado para definir as substâncias ilícitas, ligadas ao tráfico e ao mundo do crime. Apesar de não estar errado, definir como drogas apenas essas substâncias é uma abordagem ingênua.
É possível observar que boa parte das drogas é legalizada e usada na medicina para tratar os mais variados tipos de doenças. No entanto, algumas delas geram polêmica por causar dependência. No Brasil, há uma grande quantidade de drogas proibidas, mesmo. “A regulamentação ou não de determinadas drogas varia conforme a legislação de cada país. Em alguns lugares, por exemplo, a maconha é usada na medicina, o que ainda não é permitido no Brasil”.
As drogas podem ser classificadas conforme sua origem ou de acordo com seus efeitos no organismo. No primeiro caso, são três classificações: naturais, sintéticas e semissintéticas. Já quanto ao efeito, podem ser: depressoras, estimulantes ou perturbadoras. Veremos a seguir mais detalhes sobre cada uma delas.
Drogas naturais são aquelas que provocam efeitos alucinógenos de uma forma natural, sem a composição de produtos químicos – isso significa que a produção não é feita em laboratório. Esses tipos de drogas se diferem das drogas sintéticas, que são produzidas por meios químicos. São exemplos de drogas naturais a maconha e a cafeína.
As drogas sintéticas são aquelas produzidas a partir de uma ou várias substâncias químicas psicoativas, que provocam alucinações por estimular ou deprimir o sistema nervoso central. Podem ser utilizadas sob as formas de injeção, comprimido ou pó, e seus efeitos variam conforme a substância. Podemos citar anfetaminas, LSD e ecstasy, por exemplo.
No caso das drogas semissintéticas, há uma junção das outras duas classificações. São produzidas com base em drogas naturais, mas sofrem alterações químicas em laboratório. Encaixam-se nessa definição crack, merla e cocaína. Em relação aos efeitos, o tipo de droga mais comum é a estimulante, aquela que acelera a atividade do sistema nervoso central (SNC), aumentando o estado de vigília. Apesar de seu uso ser proibido ou restrito a tratamentos médicos, é comum encontrar usuários, por vezes viciados.
No grupo de drogas estimulantes estão o crack, a cocaína e o ecstasy, que têm o uso proibido. As anfetaminas também são estimulantes, mas têm utilização regulamentada para o tratamento de alguns transtornos neurológicos.
Ao contrário das estimulantes, as drogas depressoras diminuem a atividade do SNC, podendo causar delírios. É o caso dos inalantes, como cola e outros solventes. “Na medicina é comum o uso desse tipo de droga pra tratar insônia e ansiedade, com soníferos e ansiolíticos, respectivamente.”
“A última categoria de drogas, quanto aos efeitos, são as perturbadoras. Em princípio, elas causam uma sensação de bem-estar e diminuem o cansaço. No entanto, provocam também alteração na noção de tempo e espaço, além de delírios e alucinações. Encontram-se nesse grupo drogas como maconha, LSD e haxixe.”
VENCENDO AS DROGAS
Comunidade Terapêutica “Viver eu Quero” em Ponte Nova busca a recuperação de dependentes químicos
Uma iniciativa para conter o avanço das drogas em Ponte Nova está sendo realizada pelo pastor José Maria Francisco, que criou a Comunidade Terapêutica “Viver eu Quero”, na Fazenda Sorriso, localizada no KM 12 da MG 329, que liga Ponte Nova a Rio Casca, próximo ao Laticínios Porto Alegre. No local está funcionando uma clínica de tratamento e apoio para dependentes químicos.
A clínica nasceu inspirada no projeto “Quero Viver”, que tem origem na cidade de Divinópolis, região Oeste de Minas Gerais, onde também é realizado o trabalho de apoio para as pessoas que estão em tratamento contra a dependência química. O idealizador e responsável pelo projeto em Ponte Nova, conversou com a reportagem do Líder Notícias e falou sobre o projeto e a sua motivação em colocar em prática o seu plano para recuperação de dependentes químicos.
“Eu fui dependente químico por quase 12 anos e usava maconha, cocaína e crack. Quando decidi me tratar, eu tinha uma dívida de R$ 18mil reais com o tráfico e cheguei a pensar em me matar. Graças a Deus tive apoio da minha família para conseguir me tratar. Fiquei 07 (sete) anos na clínica, na qual estudei e fiz minha formação em teologia” disse o pastor José Maria.
José Maria foi frentista e administrador de posto de gasolina na década de 1990 quando começou sua entrada para o mundo das drogas. “Estou finalizando agora o meu curso de terapeuta holística pela Comunidade Terapêutica de Minas Gerais (CTMG) e ainda conto muito com o apoio dos meus filhos Vinícius Gonçalves Francisco e Aline Gonçalves Francisco e da minha amada esposa Elzi Margarida Gonçalves”, explica.
A reportagem apurou que o pastor José Maria é voluntário na clínica, ele disse que faz isso por amor a Deus e ao próximo. Ainda em seu depoimento o Pastor José Maria disse: “Quando passamos a ser usuários perdemos tudo que temos, como os sonhos, o caráter, conceitos. Afastamo-nos do meio social, sem perspectiva de vida, perdemos a dignidade, a família, amigos e até cometemos roubos e furtos dentro e fora de casa para conseguir mais drogas pra alimentar nosso vício”.
O DIA A DIA DA COMUNIDADE TERAPÊUTICA
A clínica já tem 05 (cinco) anos de atuação em Ponte Nova e conta com grande apoio da Distribuidora Bartofil, restaurantes Amaramassa e Parrilhada, Plastenova, Saco-lão Saqueto e Sacolão Palmeiras, que sempre fazem doações além de comprarem os produtos produzidos na clínica, que hoje conta com a produção de hortaliças e de ovos.
A Comunidade Terapêutica “Viver eu Quero” também conta com o apoio de alguns políticos e da Faculdade Dinâmica que disponibiliza apoio com médicos, terapeutas, psicólogos e psiquiatras que atuam 02 (duas) vezes por semana em conjunto com os alunos de medicina da instituição.
A clínica também possui apoio incondicional de 02 (dois) conceituados médicos de Ponte Nova, que preferem contribuir no anonimato. A Bartofil Distribuidora por meio do seu diretor Carlos Bartolomeu doou tanques-rede para iniciar a criação de tilápia, além de ter ajudado na construção da lagoa onde hoje existem algumas espécies de peixes como pacu e traíra.
A clínica tem capacidade para atender 20 pessoas e hoje estão no local existem 16 que estão em fase de tratamento e deve receber mais 02 (dois) nos próximos dias. Os internos ou alunos como são chamados pelo pastor José Maria, são de várias cidades da região sendo que um deles é de Curitiba, capital do Paraná.
A reportagem do Líder Notícias apurou através do jornalista Diego Siman, que acompanhou o dia a dia dos internos, que a rotina na clínica começa às 06h50min com um café reforçado seguido de trabalho ocupacional cuidando da horta, da cozinha e da limpeza local até ás 11 horas parando para o período de almoço. O intervalo do almoço e descanso segue até ás 14 horas, a partir deste horário até 16h20min são realizados vários tipos de cursos e estudos bíblicos, além de palestras dentre outras atividades motivacionais.
Jonatas Thiago de 38 anos é o único que não é da região ou do estado, ele nasceu em Curitiba, capital do Paraná, na localidade de Araucária. “A clínica pra mim foi um processo de recuperação de vida, pois sou filho de pastor. Fui usuário de maconha, cigarro e álcool por muitos anos e cheguei a ser morador de rua em Belo Horizonte, cidade em que morei após vários problemas familiares desde a infância. Já estou aqui em minas a uns 20 anos”, disse Jonatas
Outro interno que está em processo de recuperação é Willian Alves Andrade, 41 anos. “Há aproximadamente 05 (cinco) anos eu conheci o Evangelho me converti e batizei, mas conheci uma mulher e acabei saindo dos caminhos de Deus. Já tem 01 (um) ano e 03 (três) meses que perdi minha mãe e acabei me perdendo novamente para as drogas tendo uma grande recaída voltando a fumar maconha e crack, o que me levou a me afastar do meu trabalho na Coferpon no mês de janeiro deste ano” disse Willian.
De acordo com Willian Alves Trindade ele conheceu as drogas com 10 anos quando começou a fumar maconha e aos 14 anos a cocaína. “Lembro-me como se fosse hoje quando no ano de 1994 chegou o crack aqui em Ponte Nova e me vicei e passei anos sofrendo com isso” frisou.
O interno da Comunidade Terapêutica “Viver eu Quero” tem 01 (um) casal de filhos: Wendel de Oliveira Alves Andrade, 15 anos, jogador da equipe de juniores do Esporte Clube Palmeirense, e Rayane Cristina, 20 anos, que também é jogadora. Ele ainda afirmou, com muita alegria: “Graças a Deus meus filhos nunca usaram nenhum tipo de droga e nem gostam”, finalizou.
Patrícia Alves também sofreu com esse problema das drogas que acabou tirando a vida de seu filho Bernar Ikaro de 32 anos no dia 17/11 do ano de 2015. “O Bernar era meu amigo, companheiro, uma pessoa doce e amável. Quando ele morreu, uma parte minha morreu junto, não tenho mais alegria para viver” disse Patrícia.
Ainda de acordo com Patrícia, o filho foi um menino muito bem criado, e quando ele entrou para o mundo das drogas ela chegou a sair várias vezes de madrugada para busca-lo nas bocas de consumo de drogas. “Ele chegava em casa machucado e eu cuidava dele, nunca saí do seu lado. Infelizmente meu filho estava doente” frisou.
Patrícia afirmou também que cuidou muito do filho e nunca o abandou, fazendo de tudo para tentar ajuda–lo a sair do mundo das drogas. Ainda de acordo com Patrícia, a dependência química acaba com as famílias e é muito triste quando uma mãe passa por este problema principalmente quando perde seu filho para o vício.