O 3º sargento da Polícia Militar Marcone Lucas Siqueira, 44 anos, lotado no 5° pelotão de Jequeri, subordinado à 21ª Companhia Independente da Polícia Militar, que tem seu quartel no Bairro Guarapiranga, em Ponte Nova, foi preso no final da tarde de 04 de novembro, segunda-feira passada, em Areado, município vizinho de Lajinha, perto de Mutum, onde o policial tem seus familiares. Marcone Lucas Siqueira é acusado de sequestro e cárcere privado.
No mesmo dia, 04 de novembro, mais cedo, às 13h25min, o comandante do 5º Pelotão acionou militares para atender denúncia de C.S.S., 46 anos, que é companheira do acusado há pouco mais de 20 dias. Os militares compareceram ao trevo do Distrito Piscamba, de Jequeri e ouviram o relato da mulher. Ela disse que no domingo, dia 03 de novembro, eles (Marcone e ela) estavam no Bar do João Paulo, quando a situação começou a ficar difícil.
Ela foi guardar uns pertences em sua casa, mas ao retornar para o bar, antes de chegar ao balcão onde estava o sargento Marcone, um conhecido a parou e mostrou uma foto de sua falecida filha no celular perguntando se ela se recordava dele. Ela disse que se lembrava. Após isso ela retornou para o balcão. Neste momento ele (sargento Marcone) começou a lhe insultar com várias palavras ofensivas, de baixo calão.
O policial pegou um banco e sentou ao lado da vítima e a todo momento aproximava seu rosto próximo ao ouvido dela, e com tom de voz baixa, repetia os insultos, tendo ele permanecido sentado por cerca de 05 (cinco) minutos e depois levantou. Posteriormente ele foi até ao balcão, pagou e saiu em seu carro, um Ford Ecosport, cor prata. C.S.S. seguiu para sua residência, no sentido contrário.
Nesse momento, conforme relato de C.S.S., ele se aproximou e mandou que ela entrasse no carro. Ela se recusou e disse que iria para casa, mas Marcone tornou a repetir mandando que ela entrasse no veículo: naquele momento, com tom ameaçador. Tendo ela entrado no carro, pois temia que ele fizesse escândalo no meio da rua.
O soldado, qualificado como testemunha, estava em uma lanchonete próxima ao local dos fatos. Confirmou que visualizou o momento em que o policial caminhou em direção ao seu veículo acompanhado de uma mulher. Ele disse que não presenciou nenhuma discussão entre o casal, porém notou que C.S.S., ao entrar no veículo, estava a todo momento de cabeça baixa e com semblante triste.
Ainda, segundo a vítima, o 3º sargento Marcone a levou para a pousada onde ele fica hospedado, na Praça Tenente Mol, nº 37. C.S.S disse aos militares que ao entrarem no quarto ele a jogou em cima da cama, pulou em cima dela e com um travesseiro tentou sufocá-la. Ela lutava tentando fazê-lo parar, mas o fato se repetiu por várias vezes.
Em determinado momento, o agressor, segundo ela, tomou posse de sua arma de fogo de cor preta, pressionou contra seu ouvido e apertou o gatilho, não tendo a arma disparado, após, ele colocou a arma em sua boca não tendo, também, a arma disparado, deixando-a psicologicamente abalada. Ela disse que imaginava, a todo momento, que morreria. Às 5 horas do dia 04/11, o sargento saiu para trabalhar e deixou C.S.S na pousada/pensão. Ela seguiu para sua casa e acionou a PM.
Ainda conforme relatos da vítima, durante o tempo que se relacionaram, Marcone perguntou se ela conhecia algum agiota pois estava com muitas dívidas e precisava de dinheiro. Ela acabou pagando parte da dívida: mostrou comprovantes: R$ 11.611,37 (boleto pago referente a dívidas do cartão de crédito; R$ 9.000,00, em PIX na conta do sargento Marcone, referente a dívida de cheque especial; R$ 46,38 (IPVA); R$ 1.827,54 em PIX (dívida ativa) R$ 439,14 em PIX (certidão de dívida ativa)
Depois do relato, os policiais saíram à procura do autor das agressões, mas não conseguiram encontrá-lo nem na pousada e nem em qualquer lugar de Jequeri. Foram informados que ele tinha família em Mutum, inclusive 01 (um) filho de 14 anos. Policiais de Lajinha fizeram o cerco e bloqueio do veículo e conseguiram abordar o veículo perto do Areado, e realizar a prisão do policial. Na ocasião, foi apreendida, uma pistola Imbel .40, de propriedade da PM, bem como 01 (um) carregador e 15 munições .40 intactas
Versão do sargento que está preso em Manhuaçu – Ele disse que faz uso de remédios controlados (clonazepam e escitalopram), não teve um relacionamento com C.S.S; que falou para ela que era casado; que queria se afastar dela por ser problemática, mas ela não concordava; apenas aceitou ajuda dela para pagar dívidas; disse que dormiu com ela (03 de novembro) na pousada e a deixou sair para trabalhar; comentou que não houve atritos e nega as agressões relatadas por C.S.S.
A cidade de Jequeri entra na estatística negativa de possível agressão à mulher (crédito da foto: Circuito Turístico Montanhas e Fé)