Ao menos oito mulheres foram mortas por ex-maridos na frente das famílias
Uma jovem de 22 anos foi morta com golpes de faca na tarde de sexta-feira, 25 dezembro, em pleno Dia da Natal, em Ervália, cidade vizinha de Viçosa. Segundo a Polícia Militar (PM), o marido, Romário Lucas de Freitas, 31 anos foi preso, após ter atacado a vítima, sua esposa Amanda Reis Alves, 22 anos, na frente dos 03 (três) filhos do casal, todos menores, entre 01 (um) e 03 (três) anos.
De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), o homem ligou para a PM através do 190 e disse que a jovem não teria aceitado o término do relacionado e se matado. Os militares desconfiaram da história e foram até a casa, onde estavam os filhos do casal. Aos policiais, uma das crianças contou que o pai matou a mãe.
Amanda engrossou a lista de ao menos mais 07 (sete) mulheres, todas mortas entre os dias 24 e 25 de dezembro deste fatídico Natal que ficará conhecido como o Natal do Feminicídio. Amanda era a mais jovem de todas, com 22 anos apenas enquanto o ciúme também atingiu uma ex-mulher de um deles que cometeu suicídio, Loni Piebe de Almeida, de 74 anos, que morava em Ibarama, interior do Rio Grande do Sul.
Veja as outras que morreram em vários estados: Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, moradora de Niterói (RJ); Thalia Ferraz, 23, de Jaraguá do Sul (SC); Evelaine Aparecida Ricardo, 29, de Campo Largo (PR); Anna Paula Porfírio dos Santos, 45, de Recife (PE); Aline Arns, 38, de Forquilhinha (SC) e Antonia Leuda de Sousa, de 34 anos, moradora em Leme, interior de São Paulo ( marido tentou suicídio). 07 (sete) mulheres que, até este Natal, viviam suas vidas separadamente, ou juntas com o marido assassino, mas agora se encontram nas estatísticas do Feminicídio no Brasil.
Na véspera de Natal, Viviane, que é Juíza de Direito, morreu com 16 facadas desferidas pelo ex-marido, o engenheiro civil Paulo Arronenzi; Thalia foi morta a tiros pelo ex-companheiro diante dos parentes; Evelaine não resistiu ao ser baleada pelo namorado durante a ceia; Loni recebeu 01 (um) tiro na cabeça pelo ex-companheiro, que cometeu suicídio. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Já no dia 25, Anna Paula foi morta a tiros pelo marido dentro de casa, onde também estava a filha de 12 anos; Aline foi baleada pelo ex-companheiro também no interior da residência por volta das 20h30min. Amanda, de Ervália, foi morta depois do almoço, pelo marido.
Estatística – No Brasil, Feminicídio – tipificado pela Lei 13.104 de 2015 – é definido como um homicídio em contexto de violência doméstica e familiar ou em decorrência do menosprezo ou discriminação à condição de mulher, normalmente praticado por alguém do convívio da vítima, dentro de casa ou em locais onde ela costuma estar.
A nível nacional, o Atlas da Violência 2020, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), verificou que, entre 2013 e 2018, a taxa de homicídio de mulheres fora de casa diminuiu 11,5%, enquanto as mortes dentro de casa aumentaram 8,3%. O levantamento concluiu que este dado é um indicativo do crescimento de feminicídios.