“A autonomia do médico nunca foi tão defendida. Entre outros, são ferrenhos defensores a diretoria da Prevent Senior, os senadores governistas da CPI, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e, pela primeira vez na história da medicina mundial, um presidente da República que a considerou tema de tanta relevância, que fez a apologia dela num discurso de abertura que ficará para sempre, nos anais da Organização das Nações Unidas.
Claro que a autonomia é requisito imprescindível para o médico tomar decisões em emergências com risco de morte, situações em que o doente, muitas vezes, está inconsciente ou incapaz de compreender o perigo que corre. É fundamental, também, para preservar o profissional de pressões para adotar condutas que ele considera erradas ou antiéticas, venham de instituições hospitalares, planos de saúde, autoridades governamentais ou do próprio paciente e seus familiares.
Atribuir à autonomia a liberdade para receitar remédios inúteis, é tão grave quanto admitir que cirurgiões operem doentes sem indicação cirúrgica ou que médicos insuflem ozônio no reto de pacientes intubados e mantidos em ventilação mecânica, nas UTIs. Defender a autonomia do médico não significa dar aval para que o profissional aja como bem entender, receitando remédios inúteis”.
(Resumo de artigo publicado por Drauzio Varellla: médico oncologista, cientista e escritor brasileiro).