Este é o primeiro passo para um futuro em que será possível melhorar geneticamente as plantas, procurando atender às diferentes demandas, que vão da produção de fármacos a fibras e óleos combustíveis. Por ser uma planta capaz de gerar efeitos psicoativos, as pesquisas com Cannabis precisam ser cercadas de cuidados, mas o ponto de partida é conhecer a variabilidade das plantas e reuni-las em um local seguro, para que possam ser estudadas. Por isso, a criação do Banco de Germoplasma de Cannabis na UFV demorou quatro anos para ser efetivada e, ainda assim, ele será implantado por meio de habeas corpus, uma medida judicial emitida pela Subseção Judiciária da Justiça Federal de Viçosa, vinculada ao TRF6, que permitirá a implementação do espaço para abrigar as sementes. Com o objetivo de constituir um Banco de Germoplasma visando estudar, em casa de vegetação e no campo, os mais diferentes tipos de plantas, bem como a sua adaptação ao clima tropical brasileiro.
Por isso, a UFV e a empresa conveniada entraram na Justiça alegando que se tratava de um banco genético, justamente para ser a fonte para futuras pesquisas”, explica o professor. O crescimento rápido, com produção de flores em cerca de cinco meses, permite o consórcio com outras plantas, como nas entressafras de soja, por exemplo. O que nós queremos, na UFV, é desenvolver pesquisas visando conhecer a planta e suas demandas agronômicas, quando em cultivo aqui no país, para que possamos viabilizar a produção segura e sustentável”, diz o professor. Por enquanto, o projeto da UFV que envolve a Cannabis prevê a coleção apenas das sementes das variedades, mas poderá se estender, por exemplo, para cultura de tecidos. Estes materiais guardam genes de grande importância, permitindo o desenvolvimento de plantas mais produtivas e adaptadas a diferentes climas, solos e necessidades dos agricultores e do mercado. Uma vez recebidos os diferentes tipos de plantas, o próximo passo será plantar as sementes para descrever e registrar cientificamente as características e condições de adaptabilidade da planta.
Os dados gerados permitirão conhecer a capacidade produtiva e o melhor potencial de aproveitamento dos subprodutos, ou seja, para qual fim aquela variedade seria mais adequada. Depois de passar por essas fases, a planta ganha uma espécie de passaporte com dados que serão disponibilizados para a comunidade científica, instituições e empresas conveniadas que estejam interessadas no cultivo ou na produção de híbridos para determinados fins comerciais. “As informações sobre as plantas serão públicas e estarão, inclusive, em publicações científicas, mas o acesso aos diferentes tipos de plantas será feito mediante convênio com empresas interessadas”, explica Derly. Ainda de acordo com o professor Derly, tudo será feito dentro dos preceitos da ciência para que o material genético seja utilizado de forma clara e transparente. “Para que a Cannabis seja um bom negócio para o Brasil e seus produtos sejam utilizados para a promoção da saúde, essa iniciativa da UFV é o primeiro passo”, afirma o pesquisador, que será também o curador do Banco de Germoplasma de Cannabis.
A decisão foi tomada após quatro anos de negociações, a construção do Banco de Germoplasma foi autorizada por meio de um habeas corpus concedido pela Subseção Judiciária da Justiça Federal de Viçosa, sob a jurisdição do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6). A decisão de 1ª instância foi anunciada no dia 21 de outubro.
Fonte e Fotos: Universidade Federal de Viçosa